Ontem teve lugar no ICS, no âmbito do programa doutoral, uma palestra de Rui Pena Pires (sociólogo e Professor no Departamento de Sociologia do ISCTE) dedicada à temática de modos de integração dos imigrantes. A palestra foi deveras interessante, não só pela excelente capacidade expositiva do Professor, mas também pelo nível de abstracção que o seu raciocínio alcança. Para mim, Pena Pires deixou muito clara a definição que subjaz a "sua" utilização de alguns conceitos, nomeadamente os conceitos de etnicização e de assimilação, enquanto dois modos diferentes de integração dos imigrantes em novos contextos de acolhimento:
- etnicização parte do pressuposto de que existe uma segmentação, existindo uma fraca aproximação do migrante aos quadros preexistentes da sociedade de acolhimento, podendo este criar novos quadros ou aproximar-se daqueles criados pela sua "etnia";
- assimilação parte do pressuposto de que existe uma aproximação do migrante aos quadros de referência da sociedade de acolhimento. Aqui, o Professor faz uma nota importante. O conceito de assimilação, na sua génese, não assume a conotação negativa actualmente percebida. Isto é, por assimilação não se entende homogeneização dos grupos, ou não se entende que se procura, em última instância que estes novos grupos, que trazem diferença e diversidade para a sociedade de acolhimento, se homogeneízem com a sociedade de acolhimento, porque ela própria também não é homogénea.
Neste sentido, as políticas multiculturais fazem recair muito o processo de integração para o lado da etnicização, limitando, desta forma (e até paradoxalmente) a diversidade, uma vez que as fronteiras dos grupos/"etnias" são claramente definidas, limitando-se assim o cruzamento e a variedade cultural. Pena Pires refere: não deveremos antes pensar num monoculturalismo plural...